segunda-feira, 6 de junho de 2011

Separação ou não?

Emancipação de territórios para criação de novos municípios continua a ser uma questão muito discutida em várias localidades do Brasil. Na nossa região, temos quatro exemplos bem conhecidos, além de Porto Real. Nas últimas décadas, surgiram os municípios de Itatiaia (que era distrito de Resende), Quatis e Volta Redonda (ambos foram pertencentes a Barra Mansa).
Em meados da década de 1990, Resende perdia parte de seu território para a criação do que seria um dos mais promissores municípios da região Sul Fluminense, o município que dá título a este blog. No entanto, há aqueles que eram desfavoráveis à época da emancipação, pois esse fato trouxe consequências que não foram satisfatórias a todos os envolvidos.



O comerciário Adalberto Denegri, 35 anos, resendense, acha que o município de Resende foi o mais prejudicado com a emancipação de Porto Real. “Eu tive que me mudar para o Rio de Janeiro na época. Houve muito desemprego, as empresas foram embora. Havia muitos colegas de trabalho que moravam em Porto Real e foram demitidos. Não sei bem o que aconteceu, mas nessa época muitas empresas foram embora de Resende. Emprego aqui estava muito difícil”, diz.
Já Ana Paula Tavares, 35 anos, funcionária pública, acredita que Porto Real ter se tornado um município, foi um grande benefício. “Eu lembro que quando precisava de um médico tinha que ficar horas na fila, às vezes tinha que dormir fora de casa para conseguir uma vaga. Saúde, emprego, educação, saneamento básico; tudo melhorou muito. Eu realmente me orgulho de viver em Porto Real”.



E aí, quando a emancipação vale a pena? A criação de um novo município vem se baseando mais na sua capacidade de autossuficiência econômica, na localização ou em interesses políticos?  Como estão hoje os municípios do Sul Fluminense que surgiram após ficarem independentes de outros?
Dê a sua opinião aqui no blog e contribua para a discussão sobre o tema.

De colônia italiana a centro industrial



Oficializado como município desde dezembro de 1995, Porto Real é reconhecido como a primeira colônia italiana do Brasil. Localizado no Sul do Estado do Rio de Janeiro, a cidade tem hoje quase 20 mil de habitantes e traz em seu territórios importantes indústrias da região, como a Coca-Cola (Companhia Fluminense de Refrigerantes), PSA Peugeot Citroën, Guardian do Brasil, Galvasud e Faurecia.
Assim como Resende (a qual Porto Real já pertenceu) e Itatiaia, a ocupação e o povoamento da região se deram com do ciclo do ouro, nos séculos XVII e XVIII, através dos bandeirantes e aventureiros que seguiam para as Minas Gerais.
Já durante o Império, chegaram as plantações de café e o povoado passou a ter mais prosperidade. O nome Porto Real surgiu devido às constantes passagens da Família Real, que vinha de trem de Petrópolis até a região de Floriano, e então seguia de barco até um porto no Rio Paraíba do Sul, de onde se hospedavam na mansão do Conde Wilson.
A colonização do local, porém, só ganhou força a partir de 1875, quando chegaram 50 colonos italianos, que inicialmente iriam para Santa Catarina, mas tiveram que ficar de quarentena em Porto Real devido a uma epidemia de febre amarela no Rio de Janeiro.
Os italianos trouxeram a imagem de Nossa Senhora das Dores, que ganhou uma igreja e se tornaria padroeira do município. A agricultura se tornou a fonte de renda e a cana-de-açúcar o principal produto cultivado. Em conseqüência disso, surgiu uma usina açucareira (foto abaixo, onde atualmente funciona a Companhia Fluminense de Refrigerantes), que foi a primeira indústria de Porto Real.



Com o crescimento da colônia e se tornando o distrito mais importante de Resende, muitos moradores resolveram lutar pela emancipação político-administrativa. O plebiscito ocorreu em outubro de 1995, a primeira eleição municipal um ano depois, e a posse do primeiro prefeito em janeiro de 1997.
Atualmente, Porto Real é uma das principais economias do Estado do Rio de Janeiro, tendo o maior PIB per capita do Médio Paraíba – cerca de R$ 130.000, o que é 594% acima da média estadual. Isso assegura que o município ocupe o segundo lugar estadual e seja o quarto colocado nacional, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).